Eu lido bastante com iniciantes na magia. Com muita frequência, chegam pessoas para fazer os meus cursos que nunca praticaram nada antes (e o curso de Introdução Prática à Magia tem justamente o propósito de ajudar a sair da poltrona) ou então me mandam perguntas no Curious Cat (agora Tumblr¹) ou me contam que chegaram agora aqui no site e estão lendo os textos. Primeiramente, quero que todo mundo seja muito bem-vindo! Esta postagem de hoje tem como propósito orientar os recém-chegados e organizar algo como um esboço de um currículo de leitura e práticas para quem não sabe bem por onde começar². Tem muito texto aqui que é mais antigo e eu entendo que fica mais difícil o acesso para quem chegou agora.

Pessoalmente, eu acho importantíssimo acolher o iniciante, porque esse é um momento crucial do desenvolvimento: tudo que a pessoa aprender errado agora, ela vai ter todo um trabalho duplo para desaprender depois. Para piorar, é difícil saber por onde se orientar, porque falta repertório nessa etapa para separar o joio do trigo – e aí vem a pegadinha, porque você quer ter essas referências antes de começar a praticar, mas só se adquire a experiência que dá a capacidade de julgar as referências, praticando. E, aliás, falando em joio, é sabido que tem ainda um bom tanto de pilantra nesse meio – e eu nem estou me referindo aos charlatões. Quando você cai na mão de um pilantra, a melhor das hipóteses é que seja um charlatão, porque quem sabe fazer alguma coisa e usa para explorar os outros causa um belo de um estrago.

Assim sendo, para quem tem curiosidade e quer entender como a coisa funciona, eu recomendo que comece lendo dois textos que a gente publicou aqui no site: Teoria mágica para leigos e O que é essa tal dessa Lei da Atração, de autoria da Maíra, que foram escritos com esse propósito de explicar algumas coisas do funcionamento do mundo oculto, segundo o nosso entendimento. Depois, em O problema dos “clássicos” do ocultismo, vocês podem entender o motivo de a gente não recomendar que o iniciante comece a ler literatura esotérica a partir de nomes como Éliphas Lévi, Crowley e companhia.

Para quem está começando, tem duas coisas básicas que são absolutamente cruciais. Não importa qual seja a tradição que você esteja estudando e pretenda seguir, se você quiser que as coisas fluam direito, é preciso dominar técnicas de limpeza e proteção. Sobre esse assunto, temos alguns textos no site, além de mais um curso:

• Limpeza energética: o que é e por onde começa? – em que vemos um pouco da teoria sobre a sujeira e algumas técnicas para limpar o seu espaço e o seu campo pessoal que qualquer pessoa pode aplicar
• O crucial da proteção espiritual (não é o que você espera) – uma elaboração mais longa sobre os fatores envolvidos num ataque espiritual e recomendações de como se proteger
• Formas-pensamento, sigilos e nuvens psíquicas – sobre um conceito importante do esoterismo contemporâneo
• Parasitas energéticos – sobre os seres dos planos sutis que se alimentam às nossas custas e como evitá-los

Em termos de proteção, eu também ensino algumas coisinhas, com um texto dedicado ao famoso Ritual menor do Pentagrama (Tudo que você queria saber sobre banimentos, mas tinha vergonha de perguntar), e outros com rituais de inspiração hermética, derivada das forças dos Papiros Mágicos Gregos, que eu mesmo elaborei, incluindo um banimento hermético nos moldes do RmP e um ritual com quatro guardiões para as quatro direções.

Na sequência, uma outra parte importantíssima da prática de qualquer pessoa que pretende trabalhar com magia é dominar algum tipo de oráculo, que é como chamamos os diversos métodos divinatórios que permitem obter informações por meios mágicos – e são importantíssimos justamente porque é assim que a gente tira dúvidas quando não sabe como proceder ao certo. Uma pergunta muito comum é: “Ah, será que esse ritual x, essa tradição y, vão ser bons pra mim?. A minha resposta padrão nesses casos é: oracule e descubra.

(e aqui temos um texto sobre isso também, aliás: Tirando tarô antes de um ritual)

Algumas opções incluem o tarô e outras formas de cartomancia, runas, geomancia, I-ching, etc. Em Escolhendo um oráculo, vemos um panorama geral desses métodos e eu falo mais longamente sobre geomancia em Uma introdução prática à geomancia. Num post mais recente, temos uma introdução aos conceitos básicos de astrologia. De resto, vamos tratar mais longamente é do tarô mesmo, que é abordado nos seguintes posts:

• Primeiros passos com o tarô
• Uma ilustração da diferença entre baralhos de tarô
• Cuidados com o tarô, em duas partes: I – a consagração e II – a ritualística.

Munido dessas referências, a minha recomendação para quem está começando é ir elaborando um roteiro para uma prática diária. E é por isso que Dicas para uma prática diária foi o primeiro texto d’O Zigurate que eu publiquei (antes de O Zigurate ser O Zigurate, quando eu ainda escrevia Medium) e ainda é um texto que eu recomendo, porque uma rotina faz toda a diferença, não apenas para quem quer desenvolver a sua autoridade espiritual, mas no dia a dia também. Recomendo conferir ainda o texto da Maíra sobre a Meditação dos Corações Gêmeos, que é uma técnica de rotina ao mesmo tempo acessível e poderosa. E para quem não tem muito tempo, publicamos aqui o texto Práticas de cinco minutos.

E isso eu acho que deve servir para dar uma base. A partir daí, cada um precisa procurar o seu próprio caminho, descobrir qual é a tradição espiritual que você quer estudar, qual tradição entra em ressonância com você e no que você deseja se aprofundar. Mas aí é um assunto para outro momento.

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1. Durante anos de 23 e 24 eu vim batendo ponto no Curious Cat respondendo as perguntas dos anônimos. Como o Curious Cat foi de arrasta pra cima este ano e eu quis continuar esse trabalho, voltamos para o Tumblr, já que não tem nenhuma outra plataforma de responder pergunta que permita respostas longas. ↩︎
2. O título é para ser uma referência engraçadinha ao livro de Maimônides com esse mesmo nome, aliás. ↩︎