É frustrante quando os nossos planos dão errado. Às vezes, claro, a gente mira em objetivos muito improváveis, e aí o insucesso não deve ser uma surpresa. Aquilo que depende só de nós mesmos, via de regra, costuma ser mais fácil de realizar do que aquilo que depende dos outros ou de uma vasta quantidade de fatores imprevisíveis, mas não é possível fazer tudo na vida sozinho. Quanto mais delicada uma situação, mais suscetível ela se torna a influências variadas e, dependendo do que acontece, até mesmo um plano que aparenta ser simples pode dar errado de modos espetaculares pelo que parece ter sido puro azar. O objetivo do texto de hoje é justamente ajudar a evitar esse tipo de situação.

Entendemos que tudo que acontece no plano material é a culminação de um processo que começa nos planos sutis, como já lemos em alguns momentos anteriores aqui n’O Zigurate (vide o texto Teoria mágica para leigos). Quando planejamos alguma coisa, essa ideia também planta uma semente no mundo energético que vai procurar um caminho para se manifestar. A força que esse objetivo vai ter para isso depende, claro, de diversos fatores, tanto materiais quanto energéticos, como a complexidade do objetivo, os recursos de que a pessoa dispõe etc.
Por exemplo, uma pessoa quer fazer uma viagem: ela precisa de dinheiro para viajar, primeiramente, mas há também um fator sorte. Ela pode ter vários enroscos logísticos no caminho que vão fazer com que a experiência seja menos agradável, ela pode ficar presa no trânsito e perder o voo, a companhia aérea pode perder as suas malas, pode chover na praia, ela pode ficar doente no caminho. No nível mundano, quem tem algum bom senso costuma tentar fazer o possível para evitar as encrencas. Teve aquela história daquele australiano gênio que viajou para o Chile, porque o ChatGPT falou que não precisava de visto para entrar no país e aí, chegando lá, tomou um balde de água fria. E, bem, é recomendável ser mais esperto do que esse cara. Mas mesmo uma viagem bem planejada pode dar errado por uma miríade de motivos que estão além do nosso controle. Todo neurótico com tendências catastrofistas sabe disso.
E uma das coisas que pode melar os nossos planos é a interferência externa. Num texto anterior sobre proteção energética a gente deu uma dica: Evite sair contando os seus planos por aí à toa. Todos os nossos planos em seu estado inicial são como embriões. Nesse primeiro momento, eles são muito delicados. E, assim, considerando que a nossa energia é direcionada para onde voltamos nossa atenção, quando nós os revelamos à atenção dos outros, esses planos acabam expostos à energia dessas pessoas. Em alguns casos, elas podem ser, de fato, criaturas invejosas, como é a paranoia popular, ou dissimuladamente malevolentes. E aí expor os seus planos para elas nesse estado delicado é querer pagar para ver, né.

Às vezes a bad vibe pode vir de forma inconsciente e involuntária. Por exemplo, uma pessoa busca a independência financeira, mas sua mãe não quer que ela seja bem-sucedida, porque prefere tê-la como dependente dela, por motivos que remetem a uma série de complexos psicológicos mal-resolvidos que ela nunca quis procurar um terapeuta para ajudar a processar. Essa mãe (hipotética aqui nesse exemplo, porém muito comum) pode até acreditar do fundo do coração que deseja o melhor para os filhos, mas no seu âmago, embora jamais vá admitir, ela sente esse desejo de que eles fracassem, de que precisem dela para sempre. E aí – que surpresa – todos os planos que eles contam para ela dão errado.
E tem casos ainda em que nem precisa ir tão longe. Se você lê O Zigurate, eu imagino que seja uma pessoa que tenta cuidar da própria energia. Tem muita gente que faz alguma coisa, frequenta terreiro, toma uns banhos, canta uns mantras, tem algum tipo de trabalho de cultivo interior, e a gente aqui se esforça para tentar popularizar essas práticas… mas é difícil. A vasta maioria das pessoas não se cuida, não pratica técnicas de limpeza, não se preocupa com os sentimentos que cultiva, não busca uma vida espiritual. Ao envolvê-las, você permite que elas metam a mão (que elas não lavaram após o usar o banheiro) na salada dos seus planos, e é assim que eles acabam contaminados. Pois é, eu amo analogias.
Um detalhe importante é que, nesse último exemplo, bom frisar, a contaminação pode se dar à revelia das intenções dessas pessoas. Não é que a pessoa que está com a energia bagunçada não possa ter boas intenções genuínas (apesar que, a gente sabe como são os mecanismos mentais do ser humano, é um bicho muito complexo). Ela pode, do fundo do coração dela, querer que você seja bem-sucedido. Mas, se a energia dela entrar em contato com os seus planos nesse estágio embrionário, ela vai bagunçar as coisas.
Por esses motivos, a dica do calar é importante. Via de regra, o ideal é a gente falar das nossas coisas que não aconteceram ainda só para as pessoas que estarão envolvidas no processo. E, mesmo assim, melhor não revelar mais do que o necessário. Viagens, cirurgias, projetos, planos de ter filhos: até que a coisa se concretize e já esteja suficientemente sólida, é melhor calar.

Eu sei que isso vai na contramão do éthos atual da vida mediada pelas redes sociais, em que as pessoas sentem essa urgência de produzir conteúdo e muitas vezes conteúdo derivado de suas próprias vidas, até o cúmulo da exposição… mas é justamente porque a gente está acostumado com essa lógica da exposição que é importante aprender a calar, sobretudo nas redes sociais.
Agora, é importante frisar que, se você é uma pessoa que sofre muito com ataques psíquicos ou até mesmo mágicos, apenas calar não vai ser o suficiente para proteger os seus planos. É preciso aprender a se defender. Mas essa é a questão: você pode ter as proteções que quiser, vários talismãs, técnicas de escudos áuricos e o escambau: se for contar os seus planos para quem odeia você, você vai baixar a sua guarda. E se contar para alguém e essa pessoa for boca de sacola, adivinha: quem te odeia vai descobrir e vai sobrar para você. Por isso, reitero: é importante pensar bem em quem são as pessoas para quem a gente conta as coisas.
Também é importante frisar que nem tudo é culpa do outro, claro. É fácil apontar o dedo e não olhar para o próprio rabo. Se pessoas que estão com a energia bagunçada contaminam os nossos planos, os leitores atentos aqui do texto vão ter já chegado à conclusão de que a gente também pode fazer o mesmo por conta própria se a nossa energia estiver bagunçada. Esse é, inclusive, o motivo pelo qual parece que, quando a gente está na merda, aí sim que tudo dá errado. A situação de estar na merda bagunça o seu sistema, você traça planos e os planos acabam contaminados, o que faz com que o sucesso deles seja limitado, e assim acaba sendo difícil sair dessa situação por conta própria. O mundo energético opera, afinal, por processos de retroalimentação.
Uma forma segundo a qual nós estragamos nossos próprios planos é pela autossabotagem. Fulano vai para uma entrevista de emprego, mas não está tão a fim assim daquele trabalho ou então tem um certo complexo de inferioridade que será reafirmado se ele fracassar. “Eu sou um fodido mesmo”, ele diz. Então, embora esteja cumprindo o protocolo, ele não só não está envolvido, de fato, como uma parte dele inclusive está torcendo contra. Uma pessoa nesse estado é como um avião em que o piloto vai para o Rio de Janeiro, mas o copiloto quer conduzi-lo para Porto Alegre e desvia a rota assim que o piloto levanta para ir no banheiro.

Como podemos fazer para evitar isso? Eu pessoalmente recomendo ritualizar o ato de criar planos. Não precisa ser uma coisa complexa, mas ajuda muito seguir um certo procedimento a fim de direcionar a sua vontade de modo que ela fique unívoca, não dispersa, e o seu ato seja intencional.
O primeiro passo, como ficou claro, é a limpeza, a fim de evitar a contaminação. Existem vários métodos simples, que não exigem grande domínio técnico. Você pode tomar um banho de sal fino ou um banho de ervas, caso saiba fazer; sentar-se com a Meditação da Luz Violeta (que a Maíra gravou e disponibilizou no nosso canal no Telegram); ou cantar a sequência de um mantra como o OM AH HUM budista ou o THERNŌPSI hermético (que eu mesmo gravei e disponibilizei no canal também). Desnecessário dizer, mas né: não faça planos sob o efeito de sentimentos destrutivos intensos como a raiva, o pavor ou a tristeza.
Depois, um modo de conferir maior robustez aos nossos planos é recorrendo a uma base material. O que só existe na sua cabeça é menos sólido do que o que é anotado numa folha de papel, por exemplo. A partir daí, já podemos pensar num roteiro mais ou menos assim:
1) Recorrer ao seu método de limpeza energética preferido para limpar o seu campo;
2) Fazer uma pausa para uns quatro ciclos de respiração lenta em quatro tempos, a fim de dar um reset na sua cabeça e desautomatizar o seu comportamento. Pode ser interessante também fazer o exercício de percepção dos corpos sutis como uma forma de colocar todos os seus corpos para agirem de modo unificado.
3) Uma invocação. Por exemplo: “Ao Ser Supremo, Pai Divino e Mãe Divina, aos Grandes Seres de Luz, Anjos, Arcanjos, Professores Espirituais, Ajudantes Espirituais e todos os Seres Excelsos. Aos meus Guias, à minha Alma e minha Divina Presença. Peço humildemente por Bênçãos Divinas, Proteção, Amor, Ajuda e Poder”. Você pode modificar e escrever a sua, pode incluir as suas preces favoritas, pode ser mais longo ou mais breve, mais casual ou empolado, como funcionar para você.
4) Escrever os seus planos num pedaço de papel, com atenção e intenção. Opcionalmente, você pode desenhar símbolos das forças com as quais você tem alguma relação espiritual, bem como símbolos de prosperidade e proteção. Pode ser interessante ainda ter uma caneta especial para esses momentos.
5) Dobrar o papel e guardá-lo num lugar relevante, como o seu altar ou uma caixa especial1.
6) Agradecer.

Tirando a parte da limpeza, que pode ser um pouco mais demorada, esse método de ritualizar o ato de criar planos e determinar objetivos não é complicado, nem soma muitas etapas que prolonguem as coisas desnecessariamente. Mas faz diferença. Um objetivo que é concebido nesse contexto ganha mais força logo de cara e se torna mais robusto contra os seus possíveis obstáculos.
Vocês também vão reparar que esse roteiro já está a meio caminho andado para se transformar num ritual mágico de fato. E, sim, essa é a ideia. Para um leigo que não tem interesse em praticar nada mais complexo do que isso, já está muito bom. Mas se você quiser se aprofundar em técnicas de magia de resultados, é interessante começar por aí antes de tentar dominar práticas mais complexas, conjurações, visualizações e rituais mais elaborados.
No mais, é possível ainda: 1) expor durante alguns momentos a folha de papel a uma defumação de prosperidade, como um incenso ou pau de canela; 2) energizar os seus planos utilizando técnicas de energização com as mãos; 3) energizar-se antes, utilizando um ritual como o Pilar Médio ou, melhor ainda, a Meditação dos Corações Gêmeos; 4) observar os céus e/ou as horas astrológicas para aproveitar o momento celestial, fases da lua e outras datas importantes2, entre outras técnicas.
Tudo isso é necessário? Bem, em tese, não. É óbvio que o mundo segue girando sem que as pessoas ritualizem cada coisa que elas pretendem fazer e, mesmo que a gente faça tudo certo, nada garante que tudo vá dar certo no fim. Tem muitos fatores sempre3. Mas não faz mal somar uma camada a mais de influências positivas ao que a gente quer fazer, ainda mais quando essas medidas são simples e fáceis de implementar.
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- Quem não tem um altar pode reservar uma caixinha para isso, como essas de MDF que tem em loja de artesanato. Você pode inclusive pintá-la com alguma cor relevante ou os símbolos de prosperidade dos sistemas espirituais com os quais você tem afinidade. Quando o plano se concretizar (ou caso você desista), você pode queimar os papéis e agradecer. ↩︎
- Muitas pessoas gostam de fazer seus planos (meio como promessa também) no ano novo. Considerando que o ano novo não tem por conta própria grande força energética e é um período de muitos excessos que dão uma bagunçada na energia, eu acho mais produtivo fazer isso em outros momentos, como o ano novo astrológico (quando o Sol entra em Áries), o ano novo babilônico (4 de Nissanu) ou o Wesak (a Lua cheia em Escorpião no mês de maio). ↩︎
- Não quero falar disso aqui, porque as pessoas torcem o nariz e ia deixar o texto longo demais, mas sempre tem as questões do karma. ↩︎
