Quem acompanha O Zigurate há algum tempo já me leu falar muito de Pranic Healing, ou Cura Prânica. Como falei antes, eu cheguei ao Pranic Healing vindo de um background de magia cerimonial: eu praticava principalmente os rituais do currículo da Golden Dawn e aí conheci a escola por conta da Maíra, que é Pranic Healer há quase vinte anos e recentemente foi licenciada como instrutora do curso Nível Básico. Apesar de eu sempre falar dessa corrente nos meus textos, acho que nunca cheguei a relatar mais longamente o que é que a escola fez por mim, por isso acho que chegou a hora de comentar o porquê de eu achar que todo magista deveria fazer, pelo menos, o curso básico de Pranic Healing, mesmo que não tenha o menor interesse em práticas de cura energética.

O Pranic Healing é uma escola fundada nas Filipinas pelo Mestre Choa Kok Sui. Ela é regida pelo Mestre Mei Ling, uma manifestação do Guru Rinpoche, Padmasambhava. Ao contrário de algumas outras escolas, que trabalham apenas com informações recebidas do outro lado, o que o Mestre Choa mais fez foi sintetizar conhecimentos esotéricos de escolas variadas, da Cabala e da Teosofia ao budismo e Qi Gong, testando extensivamente as técnicas antes de começar a ensiná-las. O Mestre Choa começa o seu trabalho nos anos 1980 e deixa o corpo físico em 2007. Quem fica encarregado de zelar pelos seus ensinamentos são os oito mestres que foram seus discípulos diretos e a sede filipina do Institute for Inner Studies, que é o órgão que mantém a integridade do material que ele deixou, emite os certificados dos cursos e licencia os instrutores¹.

Dito isso, quando eu afirmo que Pranic Healing é interessante, mesmo que você não queira saber de cura energética, é porque não é só isso que a escola faz – e, na verdade, mesmo o método que é usado para se obter os efeitos terapêuticos é radicado em algo mais profundo, que é a limpeza energética e purificação espiritual. E isso é importante para todo mundo que mexe com magia. Aliás, é importante para todo mundo, ponto: todo mundo deveria ter um repertório de técnicas energéticas para se limpar, mesmo que não pretenda praticar rituais, nem estudar a magia mais a fundo. Magistas são apenas quem mais precisa cuidar disso, porque, sem esse cuidado, não só os rituais passam a ter efeitos adversos imprevisíveis, como também você arrisca se fritar, atrair seres parasíticos… ou simplesmente não ter efeito nenhum.

Existem muitas formas de se limpar e de limpar o seu ambiente: defumações, mantras, banhos de ervas. Num texto antigo aqui d’O Zigurate sobre o assunto, eu passo algumas técnicas simples que qualquer um pode usar. No curso Nível Básico e no curso de Autocura Prânica, o que você aprende é o método da escola para limpeza usando as mãos, que pode ser aplicado em você, em objetos e ambientes. É simples, eficaz e, inclusive em termos de limpeza, limpa mais que o famoso Ritual menor do Pentagrama e dá menos trabalho para aprender.

E isso nos leva a uma outra função. Pode parecer bravata falar isso, mas não é. Como eu sei que as técnicas de cura limpam mais que o RmP? Porque a gente tem formas de avaliar.

Essa é, para mim, a técnica mais fascinante: por meio da sensibilização das mãos, é possível avaliar a energia de qualquer coisa, mesmo que você não tenha uma sensibilidade energética naturalmente aflorada². De novo, não é nenhuma invenção do Mestre Choa e já vi outros livros de ocultismo, sem relação com a escola, explorando os rudimentos do conceito: o Damien Echols mesmo fala brevemente sobre sentir a energia com as mãos em High Magick, e o John Michael Greer também, num dos seus livros de magia druídica³. Agora, no Nível Básico de Pranic Healing a gente de fato põe a mão na massa e testa isso extensivamente, sob orientação do instrutor (e esse é um dos motivos pelos quais fazer a aula ao vivo faz toda a diferença, em comparação a aprender com livros). Na obra de outros ocultistas, até dá para observar o conceito, e os livros apontam a gente na direção de começar a experimentar, mas no Pranic Healing a gente consegue levar isso bem longe.

Numa sessão típica de cura, o curador avalia os corpos sutis do paciente, avalia os seus centros energéticos (chakras), o quanto há de força neles, o quanto há de energia suja, e aí prossegue fazendo a sua limpeza e energização, removendo a energia suja e revigorando o sistema com prana fresco. E é isso que promove a recuperação rápida das doenças e mantém a saúde física, emocional e mental.

Mas, como eu disse, embora em Pranic Healing você aprenda principalmente a usar essa técnica para avaliar os chakras, essa avaliação de energia pode ser feita em qualquer coisa. Assim, se você faz uma limpeza num dado espaço e quer saber se ela funcionou ou se ainda tem sujeira, você pode avaliar e verificar pegando com a mão. Porque existem sujeiras e sujeiras: do mesmo modo como não é uma passadinha de água na torneira que serve para limpar um tupperware engordurado, não vai ser uma passadinha de incenso que vai resolver um ambiente imundo, nem um único banho que vai dar jeito num sistema energético encalacrado. Só que, sem clarividência natural, fica difícil conferir, e essa técnica permite fazer isso, mesmo que você seja uma pedra em termos de sensibilidade.

Agora, para magistas em específico, a sensibilização das mãos é interessantíssima para se avaliar a energia de objetos mágicos, como talismãs. Suponha que você tenha consagrado um talismã para um dado propósito, por exemplo um anel de lápis-lazúli com energia de Júpiter para prosperidade. Como que você sabe que a consagração funcionou? Simples. Você mede a energia do anel. Você pode conferir o tamanho da aura do objeto consagrado e a presença de energias específicas, como a energia de prosperidade, que é o que é desejável nesse exemplo específico. Depois, com o tempo, um talismã pode perder força. Como você sabe se ele ainda funciona ou já descarregou? De novo, você avalia com a mão.

Com esse exemplo, vocês conseguem entender agora o meu entusiasmo? Quando eu conheci a Maíra e a gente foi morar juntos, com toda a minha parafernália mágica, eu pedi para ela medir todos os meus objetos. E foi assim que eu descobri que o que estava mais forte e mais limpo era uma tabuleta dedicada à deusa Ishtar para meus trabalhos devocionais.

Parte desse efeito pode ser aproximado por outros métodos, como o uso do pêndulo ou o tarô, mas essa é uma técnica muito mais simples, que dá para fazer com as mãos vazias, sem qualquer instrumento. O impacto disso na nossa prática é imenso: ao termos ferramentas para avaliar o que estamos fazendo, fica mais fácil entender o que funciona ou não, o que é mais essencial e o que é mais supérfluo. Em vez de a gente apenas decorar técnicas e receitas prontas (e vocês sabem que eu tenho ojeriza a magia fast-food), dá para desmontar as coisas e entender as partes. Para quem pretende testar técnicas mais experimentais, esse recurso é crucial para você não sair fazendo qualquer coisa e descobrir só depois que aquilo não é bom quando explodir na sua cara. Quando eu passo para vocês aqui práticas como o mantra PSINŌTHER ou o ritual baseado nos guardiões dos PGM, é porque tudo aqui foi avaliado de antemão e testado antes de ser indicado para todo mundo.

Depois, tem o valor inestimável que é o conhecimento sobre o corpo energético⁴. Há inúmeros centros energéticos em nossos corpos sutis, os chamados chakras, dentre os quais há um grupo de principais que têm funções em todos os níveis – físico, emocional, mental e espiritual. Para manter o exemplo da magia de prosperidade: o centro energético que cuida disso em nós é especialmente o chakra básico. Muitas vezes a pessoa tem um básico debilitado e nem sabe disso, aí faz um monte de ritual de dinheiro e reclama que não dá resultado, porque tem esse probleminha subjacente⁵. E aí tem chakras que cuidam da nossa capacidade intelectual, da nossa vida sexual, da nossa conexão com as forças superiores, da nossa clarividência. Entender isso e poder conferir como está cada chakra confere um alto grau de autonomia, pois é como ter acesso ao seu painel de controle pessoal. E todo mundo sabe como, na magia, a autonomia e a autoridade espiritual são um tema recorrente.

(No mais, o conhecimento dos chakras e a técnica de avaliação, juntos, permitem avaliar energeticamente livros de ocultismo e saber quem de fato tem conexões do outro lado, quem está só compilando material dos outros e quem não sabe nada de coisa alguma e está só falando asneira.)

Por fim, para oferecer um último exemplo sem prolongar demais este texto, vale lembrar que Pranic Healing é, mais do que manipulação energética, mas sim uma escola de desenvolvimento espiritual, de cultivo de virtudes e transformação interna. Já se vê um tanto disso no Nível Básico, mas quanto mais a gente mergulha na escola, mais a gente entra em contato com esses conhecimentos, que nos possibilitam uma vida espiritual mais plena. Uma das técnicas principais da escola é a Meditação dos Corações Gêmeos, sobre a qual a Maíra já falou aqui anteriormente, e o que eu mais vejo, o que mais escuto, são pessoas que adotaram uma rotina de Corações Gêmeos e sentiram os impactos positivos.

Por isso, eu deixo aqui o meu relato. Quando eu cheguei à Cura Prânica, eu tinha alguma experiência na magia, fazia as minhas coisas e tinha resultados, mas eu era hesitante em me desviar das fórmulas que eu tinha dominado e sofria muito ainda daquele problema que aflige 90% dos iniciantes, o “estou fazendo algo de verdade ou isso tudo é coisa da minha cabeça?”. Depois, houve uma mudança de chave e eu pude pegar confiança no que estava fazendo (inclusive no que dizia respeito às devoções), entender os mecanismos das minhas práticas e poder experimentar com segurança.

E isso é uma das coisas que eu acho fenomenal no trabalho do Mestre Choa: ele criou uma escola que funciona perfeitamente para leigos, para gente que nunca teve nenhuma prática espiritual, mas também tem um efeito transformador para quem tem esse contato maior com o esoterismo. E, como dito no outro, é compatível com todas as principais correntes espirituais.

Para encerrar, deixo aqui o convite: desde o começo de 2025, a Maíra e a instrutora sênior dela, a Cristina Lunardi, que atua há anos no Rio de Janeiro, cuidam aqui do Instituto Pranaterapia São Paulo (Av. Moaci, 2074 – bairro Planalto Paulista). Para quem quiser conhecer a técnica e a meditação, nós realizamos sessões de cura gratuitas todas as semanas, nas quintas-feiras, às 18h30⁶, seguidas de Corações Gêmeos. Periodicamente, conduzimos sessões também nos sábados (avisamos no canal do Telegram e nas redes sociais nessas ocasiões). Quem quiser, pode vir conhecer, é só chegar no endereço, mas vocês também podem entrar em contato com a Maíra pelo WhatsApp para tirar dúvidas. E aviso que ela vai abrir mais uma turma do Curso Pranic Healing® NÍVEL BÁSICO, que é a porta de entrada da escola, no mês de julho (inscrições aqui).

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1. A meu ver, isso é importante para evitar que aconteça com Pranic Healing o que aconteceu com o Reiki. Embora seja uma técnica válida, os ensinamentos do Reiki já foram tão diluídos e dispersados que, ao se fazer qualquer curso de Reiki por aí, você não tem garantia de que vai aprender as técnicas corretas de forma eficaz, o que resulta numa enxurrada de mestres reikianos de fim de semana e variações sem fundamento. ↩︎
2. Algumas pessoas têm uma sensibilidade energética naturalmente maior e há quem seja clarividente e consiga ver as coisas. Não é necessário nada disso para quem está começando em Pranic Healing ↩︎
3. Capítulo 7, “Raising and Directing Energy”, do livro do Echols; capítulo 1, “The Ways of the Life Force”, de The Druid Magic Handbook, do Greer. ↩︎
4. Mesmo quem não pretende ou não pode fazer os cursos pode conferir essa parte em livros do Mestre Choa, como o Ciência da Cura Prânica e Os Chakras e Suas Funções. ↩︎
5. Diagnosticar e procurar cuidar desses problemas adjacentes é, aliás, um dos temas do meu curso de Prosperidade Mágica. ↩︎
6. Excepcionalmente, nesta quinta-feira, dia 19/6, já que é feriado, não teremos a sessão da semana, mas continuaremos normalmente na outra semana e ao longo de todo o mês de julho. ↩︎