A magia das 28 mansões lunares

Quando a gente para e reflete um pouco, a natureza do zodíaco, na astrologia tropical, é essencialmente solar. Os 12 signos estão distribuídos na eclíptica, a linha imaginária traçada pelo trajeto do Sol, e o que determina onde essa roda começa e termina é uma data de relevância astronômica: o equinócio de primavera no hemisfério norte (outono no sul). É esse momento que fixa onde começa o grau 0º de Áries e, por consequência, o começo do ano astrológico e da roda zodiacal, cujas divisões, embora conectadas historicamente a certas constelações importantes, é puramente abstrata e matemática, de modo que cada um dos 12 signos representa uma fatia de 30º desses 360º, pelos quais o Sol passa de um ano astrológico a outro.

Existem, no entanto, outras formas de se estabelecer um horóscopo. O horóscopo chinês, com suas 12 figuras, é baseado no ciclo de 12 anos de Júpiter, por exemplo. Por isso, em resumo, é que o “signo chinês” muda a cada ano, porque é o período, mais ou menos, que Júpiter fica em cada divisão da eclíptica. E hoje nós vamos falar de um horóscopo que é baseado na Lua, as chamadas mansões lunares.

As 28 mansões da Lua e suas atribuições às letras do alfabeto árabe, conforme o Shams al-Marif

O termo “mansão lunar” é uma tradução quase literal do árabe manzil al-Qamar, literalmente uma casa ou estalagem1. E a ideia da estalagem é interessante: o ciclo da Lua tem cerca de 28 dias, e o conceito aqui é como se a Lua fosse um viajante (e ela tem um forte simbolismo de viagem) e, a cada dia, ela passasse a noite numa estalagem – daí que o número das mansões lunares seja 28. Ainda tem alguma conexão com o zodíaco solar (o que faz sentido, considerando que a Lua deriva sua luz do Sol), na medida em que a primeira mansão é definida com relação ao signo de Áries, mas o principal aqui é acompanharmos o trajeto da Lua de ciclo a ciclo. E isso funciona como um horóscopo paralelo, que tem funções tanto eletivas quanto mágicas. Em termos de fontes, os manazil aparecem pela primeira vez no Kitab al-tafhim li awa’il sina’at al-tanjim (“Livro de instrução sobre os princípios da astrologia”) do grande polímata persa Abu Rayhan Muhammad ibn Ahmad al-Biruni, nascido em 973 d.C. Mas já vamos falar mais sobre isso.

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Esse conceito de estalagens também é observado no equivalente chinês das mansões lunares, chamado èrshíbā xiù – literalmente as 28 (èrshíbā) estalagens (xiù). Já no contexto védico, as mansões lunares são chamadas de nakshatras, mas aí o conceito é outro: nák quer dizer “noite” e ksatrá é “governo”, “domínio”, logo os nakshatras são os governantes da noite. O termo aparece no Atharvaveda, onde eles são listados. A ideia, em essência, é a mesma, só que as mansões árabes e chinesas são 28 e as védicas são 27. Eu não sei o suficiente para poder fazer uma comparação entre os èrshíbā xiù, nakshatra e manazil, nem posso falar o quanto há de influência aqui de uma cultura para outra, para além de uma suspeita de que é muito provável que tenha rolado uma troca intensa aqui, como ocorreu em tantas outras áreas do conhecimento entre as três desde tempos imemoriais. A questão é que as fontes hindus e chinesas são as mais antigas – a Benebell Wen afirma que evidências arqueológicas apontam para 400 a.C no contexto chinês2, enquanto o Atharvaveda vem de antes de 1000 a.C. Considerando que Al-Biruni e as outras fontes em árabe datam ali do período islâmico medieval, podemos dizer que eles representam uma visão mais recente sobre o tema, mas que é interessante para nós sobretudo por conta de suas aplicações mágicas.

Como funcionam as mansões

Como eu não gosto de deixar as coisas muito no abstrato, vamos começar logo com exemplos, para deixar mais claro.

A primeira mansão lunar se chama Al-Sharatain. Ela começa a 0º de Áries e se estende até 12º 51′ 26″ (todas as mansões têm essa extensão). Seu nome significa “Os dois sinais” e ela deriva o seu conceito dos chifres do carneiro de Áries. Às vezes também é apelidada de “a lança” e seu nome aparece em Agrippa como Alnath. Sobre a natureza dessa mansão, Christopher Warnock diz o seguinte:

Em Al-Sharatain, a Lua começa a sua passagem pelas mansões com um grande estouro de energia nos chifres da constelação de Áries. O ardor belicoso de Áries, o Carneiro, regido pelo planeta Marte, é necessário para todos os começos. Ele fornece o ímpeto para se avançar, superar a inércia e mudar o status quo.

Segundo o astrólogo Guilherme de Carli, do site Nodo Norte Astrologia, essa mansão favorece o início de projetos, ciclos e empreendimentos. A força dinâmica de Áries é ótima para superar “estados de imobilidade”, promove viagens, mudanças, esportes e trabalhos braçais, sendo também útil para cuidar da saúde. As fontes clássicas dizem ainda que ela é útil para comprar gado, mas essa informação não nos serve de muita coisa, já que eu não imagino que tenha muitos leitores do agronegócio. No entanto, como é uma força intensamente agitada e marcial, há uma tendência a gerar conflitos, por isso atrapalha relacionamentos (não é recomendável começar um namoro sob essa mansão), contratação de funcionários e “tudo que exige diminuição ou recolhimento”. Em termos de astrologia natal, segundo Peter Stockinger, os nativos de Al-Sharatain possuem uma “imaginação ardente, gosto pelas ciências ocultas” e estão sujeitos a “mudanças de emprego ao longo da vida”. Para Alexander Volguine, igualmente, essa mansão indica uma carreira repleta de eventos salientes, com altos e baixos ao longo da vida – apesar que, claro, nunca dá para bater o martelo sem olhar o restante do mapa.

E assim é com cada uma das mansões: todas elas tomam uma parte de cada signo (às vezes pegando um pedaço de outro) e favorecem certas atividades em detrimento de outras. Para magia, Al-Sharatain é muito usada para funções destrutivas. “Invoque esta mansão”, diz o Picatrix (livro I, cap. 4), “como base para criar discórdia e ódio entre um homem e sua esposa, para dois amigos se hostilizarem e, de forma semelhante, se quiser que um escravo consiga fugir”. Sua imagem é a de um homem de pele escura com o cabelo preso, de turbante, parado em pé com uma lança na mão direita. Ao ser criada no momento correto, essa imagem pode ser usada para comunicação com o espírito da mansão de Al-Sharatain, cujo nome é Geniel, segundo Agrippa (livro III, cap. 24 em Três livros de filosofia oculta).

Nessas fontes mais clássicas, a gente encontra muitas aplicações destrutivas para a magia das mansões lunares, mas é claro que essa não é a única função que esses espíritos podem desempenhar. Geniel é capaz de ajudar a superar obstáculos que estejam impedindo você de avançar na direção do seu objetivo, tudo que traz estagnação e atrapalha o seu foco.

Por esses motivos, quando Warnock resume a mansão a uma série de palavras-chave, ele opta pelos termos: “A Mente Divina, transmissão primordial e o poder de criação/destruição, energia ativa e força dinâmica”.

Ainda em Áries, entre 12º 51 27″ e 25º 42′ 51″, temos a segunda mansão, chamada Al-Butain, literalmente “A pequena barriga” (ou, como eu prefiro, “o buchinho”). Al-Butain partilha ainda da natureza ígnea e dinâmica de Al-Sharatain e continua sendo boa para viagens (exceto pelo mar) e ruim para relacionamentos… apesar disso, no entanto, esse aspecto conflituoso abre margem para a conciliação, por isso é uma mansão útil para buscar soluções diplomáticas e pedir favores de autoridades, além de favorecer comércio e vitória sobre inimigos. Para Volguine, essa mansão no mapa natal confere coragem aos nativos, mas também uma certa inconsequência e indica a vontade e a energia para se conduzir a vida guiada mais pela ambição e razão do que pelos sentimentos. O espírito de Al-Butain se chama Enediel, cuja imagem é a de um rei sentado com um cetro na mão. Ele detém o poder de dissipar a raiva das pessoas.

Talismã da 3ª mansão lunar, Al-Thurayya, para “todas as coisas boas”, feito por Christopher Warnock

Depois, de 25º 42’52” de Áries até 8º 34′ 17″ de Touro, vem Al-Thurayya, literalmente “os muitos pequeninos” (ou “O enxame”). Essa terceira mansão é interessante, porque, enquanto as duas anteriores se veem firmemente dentro do território dos temas e ação do signo de Áries, Al-Thurayya passa do final de Áries para o começo de Touro. Como comenta Guilherme de Carli, é uma “mansão de sucesso”, que “confere criatividade, inspiração artísticas, determinação e alcance dos objetivos”. É outra mansão boa para pecuária (e caça também), também favorece trabalhos com fogo (literalmente, mas imagino que talvez se aplique simbolicamente) e obras benevolentes, mas é ruim para plantio e casamentos. Sua imagem é a de uma mulher sentada com a mão direita erguida e seu espírito se chama Amixiel. Segundo o Picatrix, ela serve para “a aquisição de todas as coisas boas”. Acima, um talismã dessa mansão, feito e vendido pelo Warnock.

E assim por diante. Para cada uma dessas posições da Lua, há características relevantes em termos de leitura de mapa natal, eletivas e magia talismânica (Warnock comenta ainda que elas são úteis para astrologia horária, mas aí eu não sei dizer). Ainda neste texto eu vou passar, logo abaixo, uma lista das 28 mansões lunares, seus nomes, posição e palavras-chave. Assim, fica fácil ver a posição de cada uma e ter uma ideia de sua natureza para depois consultar uma obra mais detalhada.

Para se identificar onde está a Lua nesse arranjo, basta você pegar o seu aplicativo ou site favorito, como o Astrotheme ou Astro-Seek, e olhar o céu do momento, depois conferir a lista. Por exemplo, na hora em que este texto está indo ao ar (agora são 8:40 do dia 14 de julho, em São Paulo), a Lua está a 6º43′ de Peixes. Olhando na lista, esta é a 27ª mansão lunar, Al Fargh al-Thani, situada entre 4º 17′ e 17º 8′ de Peixes. Ao se marcar um compromisso importante, como uma viagem, eu acho que vale a pena dar uma olhada na Lua, em que mansão ela vai estar no dia, a fim de tentar escolher mansões propícias para isso. Óbvio que eu não acho que viajar numa mansão inauspiciosa para viagem vai necessariamente se traduzir em desgraça, há vários fatores envolvidos, mas pode ser uma fonte de perrengues.

Em termos de magia, várias dessas mansões oferecem dádivas desejáveis, desde prosperidade (3, 7, 15, 16, 24) até amizade, reconciliação, sexo e amor (2, 6, 13, 15, 26), saúde (10, 18, 19) e proteção (17, 18, 25). Para esse trabalho, no entanto, há certas exigências de timing, e o Warnock ensina um método para isso. Eu mesmo estou em vias de incluir o trabalho com as mansões no meu curso de Magia Astrológica, como parte do módulo III, onde pretendo ensinar a minha forma de trabalhar com as mansões, modificada a partir do método do Warnock e minha própria experiência. Em todo caso, é importante que esse trabalho, caso se deseje obter resultados positivos, seja conduzido quando a Lua estiver livre de aflições, o que inclui certas interações com os maléficos. No caso de Al-Sharatain, por exemplo, considerando que Saturno está agora a 1º 56′ de Áries, logo no começo de Al-Sharatain, fica muito difícil achar uma boa eletiva em que a Lua cumpra as outras exigências e já esteja suficientemente afastada da conjunção com Saturno. No começo de Áries, Saturno também faz uma quadratura, um aspecto tenso, com o começo de Câncer e Capricórnio, além de ficar oposto a Libra. Isso afeta as mansões de Al-Nathrah, S’ad al-Dhabih e Al-Ghafr. E valem as mesmas restrições para Marte, atualmente aos 15º de Virgem.

A respeito dos espíritos em si: eles com frequência são chamados de “anjos” na literatura, e é assim que Warnock os trata. Eu, porém, sou um pouco mais chato com a minha categorização de seres espirituais. Esses espíritos gostam de oferendas – quando eu trabalhei com Scheliel, da 7ª mansão, ele me orientou que as oferendas dele eram uvas verdes e vinho branco. Uma amiga recentemente trabalhou com Abrinael, da 24º mansão, e o que lhe apareceu foi leite (o que é interessante, porque é uma mansão ligada a amamentação). A meu ver, as formas mais típicas de trabalhar com anjos não incluem oferendas.

No mais, há uma forte conexão entre esses espíritos e a matéria, manifestações materiais, ao passo que o trabalho angelical tem um viés mais teúrgico, de conexão com o Divino – de modo que mesmo quando eles trazem benefícios materiais, é por um viés espiritual. Por isso, embora os espíritos das mansões sejam celestiais, benevolentes e de fácil trato, eu hesitaria em chamá-los de anjos. No esquema que eu utilizo de nomenclatura, eles seriam inteligências, seres situados nas camadas mais sutis da existência, mas ainda com um pé no mundo material, sem essa ligação direta com as correntes de energia divina e situados abaixo dos anjos e deidades na hierarquia cósmica. E isso eu acho bom para nós, porque, nessa situação intermediária, essas inteligências são uma opção valiosa para se obter resultados práticos sem precisar de um grande desenvolvimento (o que às vezes é difícil com magia angelical), nem lidar com entidades que podem querer lhe fazer mal. A parte chata são só as exigências de timing mágico mesmo.

Imagem talismânica da 16ª mansão, Al-Jubana, desenhada por Nigel Jackson. Ela serve de capa ao livro de Warnock.

As 28 mansões

  1. Al-Sharatain (0º até 12º 51′ 26″ de Áries). Palavras-chave: A Mente Divina, transmissão primordial e o poder de criação/destruição, energia ativa e força dinâmica.
  2. Al-Butain (12º 51 27″ a 25º 42′ 51″ de Áries). Palavras-chave: A Alma Universal, poder soberano sereno, reconciliação e pacificação.
  3. Al-Thurayya (25º 42’52” de Áries a 8º 34′ 17″ de Touro). Palavras-chave: Natureza Universal, fortuna auspiciosa, o fogo da transformação, energia criativa, beleza, abundância.
  4. Al-Dabaran (8º 34′ 18″ a 21º 25′ 43″ de Touro). Palavras-chave: Matéria Primordial, discórdia, inimizade, substância caótica, má vontade e empecilhos.
  5. Al-Hakah (21º 25′ 44″ de Touro a 4º 17′ 09″ de Gêmeos). Palavras-chave: Corpo Universal, favorecimento, atividade intelectual, saúde e boa vontade, segurança.
  6. Al-Hanah (4º 17′ 10″ a 17º 08′ 34″ de Gêmeos). Palavras-chave: Forma, sabedoria, laços de atração, afinidade, amizade e amor.
  7. Al-Dhira (17º 08′ 34″ a 29º 59′ 59″ de Gêmeos). Palavras-chave: O Trono Divino, o eixo cósmico, glorificação, súplica, invocação, lucro.
  8. Al-Nathrah (0º a 12º 51′ 26″ de Câncer). Palavras-chave: O Pedestal, a Pérola, apoio numinoso, energias vitoriosas, aliança, conquista.
  9. Al-Tarf (12º 51′ 27″ a 25º 42′ 51″ de Câncer). Palavras-chave: Ira divina, severidade, desempoderamento, enfermidade, frustração e infortúnio.
  10. Al-Jabbah (25º 42′ 51″ de Câncer a 8º 34′ 17″ de Leão). Palavras-chave: Poder, sucesso, auxílio, cura, recuperação, aprimoramento, socorro, aumento de força.
  11. Al-Zubrah (8º 34′ 18″ a 21º 25′ 43″ de Leão). Palavras-chave: Senhorio, domínio, carisma numinoso, reverência, alumbramento, veneração, prestígio.
  12. Al-Sarfah (21º 25′ 44″ de Leão a 4º 17′ 09″ de Virgem). Palavras-chave: Agrura, combate, separação, constrição e dificuldade de movimento, conflito.
  13. Al-Awwa (4º 17′ 10″ a 17º 08′ 34″ de Virgem). Palavras-chave: Conjunção, elo erótico, casamento alquímico, união, sexualidade e energia vital.
  14. Al-Simak (17º 08′ 34″ a 29º 59′ 59″ de Virgem). Palavras-chave: Separação, quebra de vínculos restritivos ou inadequados, dissolução.
  15. Al-Ghafr (0º a 12º 51′ 26″ de Libra). Palavras-chave: Véus, realização de desejos e vontades, esplendores ocultos.
  16. Al-Zubana (12º 51′ 26″ a 25º 42′ 51″ de Libra). Palavras-chave: O Contador, o mercador, transação e sucesso, equilíbrio e riqueza.
  17. Al-Ikil (25º 42′ 52″ de Libra a 8º 34′ 17″ de Escorpião). Palavras-chave: Proteção de recursos, guarda, proteção contra seres ou forças predatórias.
  18. Al-Qalb (8º 34′ 18″ a 21º 25′ 43″ de Escorpião). Palavras-chave: O Apanhador, veneno e remédio, o Anjo da Morte, proteção contra forças inimigas.
  19. Al-Shaulah (21º 25′ 44″ de Escorpião a 4º 17′ 09″ de Sagitário). Palavras-chave: Contracepção, parto, medidas cautelares, proteção mágica.
  20. Al-Naam (4º 17′ 10″ a 17º 08′ 34″ de Sagitário). Palavras-chave: O Caçador, a caça de um objetivo, a domesticação ou contenção de forças agressivas, aliança.
  21. Al-Baldah (17º 08′ 35″ a 29º 59′ 59″ de Sagitário). Palavras-chave: Derrota, inimizade destrutiva, conflito interno, pessoas ou forças em embate, divisão.
  22. S’ad al-Dhabih (0º a 12º 51′ 26″ de Capricórnio). Palavras-chave: Fuga de limitações, libertação de constrições, fuga rápida, livramento, energia de cura.
  23. S’ad al-Bula (12º 51′ 27″ a 25º 42′ 51″ de Capricórnio). Palavras-chave: Força devoradora, engolimento, devastação, definhamento, redução e diminuição.
  24. S’ad al-Su’ud (25º 42′ 52″ de Capricórnio a 8º 34′ 17″ de Aquário). Palavras-chave: Multiplicação de oportunidade, boa sorte e prevalecimento, proliferação fértil.
  25. S’ad al-Akhbiyah (8º 34′ 18″ a 21º 25′ 40″ de Aquário). Palavras-chave: Expansão, disseminação, preservação, nutrição, crescimento e fruição.
  26. Al-Fargh al-Awwal (21º 25′ 41″ de Aquário a 4º 17′ 09″ de Peixes). Palavras-chave: Atração sutil, benevolência, boa-vontade, amor e amizade, favorecimento, relação.
  27. Al-Fargh al-Thani (4º 17′ 09″ a 17º 08′ 34″ de Peixes). Palavras-chave: Ruína de recursos, possível prejuízo, obstrução, perigo, empecilhos, malevolência.
  28. Al-Batn al-Hut (17º 08′ 35″ a 29º 59′ 59″ de Peixes). Palavras-chave: Realização de potenciais, coesão e união, culminação, realização, júbilo, colheita3.

Recursos

Para quem quiser estudar mais o assunto, as fontes primárias são Al-Biruni mesmo, como vimos, além dos grimórios Picatrix e Shams al-Marif, produzidos no contexto islâmico medieval, e o Astromagia de Alfonso X. Esse material também chegou a Agrippa, mas eu entendo que o que ele mesmo apresenta é bem de segunda mão. Num contexto moderno, a minha grande referência é o volume The Mansions of the Moon: a Lunar Zodiac for Astrology & Magic, de Christopher Warnock, o principal nome hoje na magia astrológica, mas vale citar o mais antigo Lunar Astrology, de 1974, de Alexander Volguine, e o Manazil: 28 Mansions of the Moon, de Peter Stockinger. Os ebooks de Warnock e Stockinger podem ser encontrados barato no Kindle e o de Volguine está no Internet Archive. O Frater Barrabbas toca também no assunto em seu Talismanic Magic for Witches, entre outros temas como talismãs de planetas, signos e decanos. Sua abordagem tem umas inovações que talvez exijam certa análise, como associar cada mansão a um elemento e planeta (afinal 7 planetas x 4 elementos = 28 mansões), mas é uma perspectiva interessante que vale a leitura.

Em português, recomendo o site do Guilherme de Carli, onde ele fez o upload, já faz um tempo, de um ebook em formato .pdf com um resumo conciso das características e funções de cada mansão (link aqui). Em termos de site, cito também o Medieval Astrology Guide (que conta com comentários com a experiência pessoal do autor também, em termos de práticas mágicas), o Magic and Mastery (que reúne citações dos vários autores) e o site Lunarium (idem). O Patreon do Dr. Ali A. Olomi, que pesquisa magia e astrologia nesse contexto islâmico, também tem material sobre as mansões. Para quem chegou agora e nunca viu isso antes, pode passar uma sensação meio de atropelamento. Mas, conforme a gente vai tomando notas e, sobretudo, conferindo a Lua diariamente, aos poucos vai-se integrando esse conhecimento e eu acho sempre interessante somarmos mais um recurso ao nosso repertório.

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  1. O termo é masculino em árabe. Manzil é o singular, plural manazil. Fora do contexto astrológico, o termo é utilizado também para falar de divisões do Corão ↩︎
  2. A Benebell fala longamente dos èrshíbā xiù num pdf que ela subiu numa postagem do seu blog sobre um oráculo baseado nas mansões (link aqui). Recomendo a leitura. ↩︎
  3. Eu acho que não vi nenhum autor comentar, mas é interessante observarmos que as mansões se dividem em padrões de ciclos de 7. Al-Sharatain começa a 0º de Áries e a próxima mansão que começa a 0º é Al-Nathrah em Câncer, outro signo cardinal. E assim por diante. ↩︎

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