Narrativa, mito e arquétipo – parte I

Se você está na internet nesses últimos dias, certamente viu circularem vídeos do TikTok falando sobre “ativação de arquétipos”. A lógica é simples: primeiro você escolhe uma figura que representa qualidades desejadas (que o pessoal está chamando de “arquétipo”, mas nem sempre é uma figura realmente arquetípica, segundo a literatura), então cerca-se de imagens e coisas que remetam a essa figura e utiliza afirmações, entre outras técnicas, para ativar, i.e. incorporar essa figura, transformando a sua personalidade. Tem uma menina que ficou famosa fazendo isso e ensinando essas práticas, como vocês podem ver neste artiguinho do TAB UOL. O “arquétipo” que ela teria ativado foi o de Cleópatra, o que, segundo ela, lhe trouxe fama e dinheiro.

Bem, imagino que uma parte das pessoas que me leem esteja querendo me ver gongar essas práticas. Pois é, é bizarro, falar em arquétipo de Cleópatra é um absurdo, é uma apropriação muito avacalhada da obra de Jung (assim como fazem com a ideia de shadow work), o pessoal junguiano da psicologia analítica fica de cabelo em pé e é um negócio que se situa ali num limiar muito incômodo entre psicologia freestyle (coach, na verdade) e magia igualmente freestyle. Sem falar que é patético qualquer pessoa se descrever como macho/mulher alfa, mas enfim. No limite, são práticas mágicas que, por não recorrerem a técnicas obviamente esotéricas – nada de acender vela, balançar uma varinha no ar e recitar invocações (embora a menina do arquétipo de Cleópatra chegue a ter de fato um altar) –, fica fácil de revestir com um verniz “científico”, que é o que muita gente faz também, alegando que isso ativa essa ou aquela área do cérebro ou outra bobagem do tipo. Uma rápida pesquisa no Google traz vários resultados de pessoas que vendem ideias semelhantes, especialmente num contexto de empreendedorismo. Pois é.

Katy Perry ativando o “arquétipo de Cleópatra” no clipe de “Dark Horse”

Porém, parece que funcionou para essa menina, então, que bom para ela. Falar mal disso arrisca me tacharem de invejoso – afinal, eu não tenho milhões de seguidores no TikTok. PORÉM, não é porque uma técnica parece ter dado resultados materiais para uma pessoa que ela é saudável a longo prazo e pode ser ensinada para os outros assim, livremente. É ainda mais complicado o fato de que boa parte do seu público é de adolescentes, e como se vê na matéria que eu linkei, tem gente usando isso para estimular transtorno alimentar (“o arquétipo de sereia me ajudou a ficar sem fome”). Então, acho que acaba sendo importante falarmos disso um pouco mais a fundo. Eu tenho esse hábito de tomar como mote alguma coisa meio besta e aí ir longe na reflexão. Acho que a essa altura, vocês já estão acostumados. Este vai ser mais um texto desses.

E a nossa primeira parada ao falarmos de arquétipos será teoria narrativa. Este texto será dividido em três partes, e a primeira aqui vai ser mais introdutória e teórica. Vamos falar do assunto até esse momento anterior ao ponto em que a ideia de arquétipo vira um conceito na obra de Jung. (atualização: nestes links estão as partes II e III).

O fato é que arquétipos não são uma coisa do mundo físico, tipo “olha uma pedra, olha uma árvore, olha um arquétipo”. Eles não existem nesta realidade… mas existem no mundo simbólico das narrativas, por isso vamos começar por aí.

Pense num personagem da literatura, especialmente de alguma obra romanesca. Talvez você tenha pensado em Capitu e Bentinho, em Elizabeth Bennet, no Dr. Frankenstein, em Dorian Gray, em Leopold e Molly Bloom, em Mrs. Dalloway, G. H., Riobaldo, Raskólnikov, e por aí vai. O que todos esses personagens têm em comum? Algumas coisas, na verdade. Em primeiro lugar, são todos personagens originais, no sentido de que foram inventados pelos seus autores e autoras, não são figuras históricas, nem derivados da mitologia e folclore. São verossímeis, na medida em que são inspirados em pessoas comuns, reais (mesmo Frankenstein, apesar de fantástico, foi inspirado em parte pelo marido de Mary Shelley, por exemplo), possuem nomes que é possível uma pessoa real ter[1] e se expressam de acordo com seu contexto social. Por fim, e o que é mais importante, são personagens com uma psicologia complexa. Nós conseguimos acompanhar seus pensamentos, com maior ou menor grau de proximidade, dependendo das técnicas narrativas utilizadas, o que nos dá acesso à sua vida interior e é mais uma camada de verossimilhança. São personagens realistas, não por estarem inseridos em romances em que o fantástico não se faz presente (que é um entendimento comum e, a meu ver, equivocado, de realismo), mas por se comportarem de um modo semelhante ao que entendemos como pessoas de verdade[2]. Esses personagens não são meras caricaturas, nem personagens-tipo, que são criados com uma “essência”, por assim dizer, uma personalidade fixa que domina sua caracterização. Em vez disso, para usar o mote do existencialismo, com eles a existência precede a essência, e não é raro passarem por alguma mudança ou transformação profunda ao longo de suas histórias – em vários casos, é essa mudança interna o principal motor da narrativa.

Eu falei em personagens da literatura, mas há vários protagonistas da TV e do cinema que poderiam ser citados também. Não é o formato da mídia que determina isso, apesar de ser mais fácil apreendermos essas complexidades psicológicas na literatura, quando temos acesso aos pensamentos dos personagens (sem ser usando aquele recurso cafona que é o voice-over). Esse contato, aliás, pode ser tão profundo que é um lugar-comum já o de que chegamos a conhecer essas figuras com maior intimidade até mesmo do que nossas amizades mais próximas. Ulysses, de James Joyce, no qual acompanhamos a vida de Leopold Bloom ao longo de um dia inteiro em Dublin, talvez seja o exemplo máximo disso, e Bloom é, de fato, uma criação literária de uma complexidade ímpar. Ao longo dos vários episódios do livro, nós temos acesso não apenas ao que Bloom faz (o que inclui passar o máximo de tempo longe de casa, porque ele sabe que nesse dia sua esposa vai ter um caso), mas ao que ele sente e pensa (inclusive as coisas mais vergonhosas e horríveis que todo mundo pensa), seus traumas, desejos e neuroses. É um retrato muito completo de uma pessoa que é absolutamente comum, mas que revela o que faz com que ele seja único em suas peculiaridades. E isso é irônico, porque o nome do romance é Ulysses e o livro deriva sua inspiração da Odisseia, mas a forma como aparecem os motes homéricos, arquetípicos, é muito sutil, na verdade[3].

Cena do filme Édipo Rei, de 1957, uma adaptação da versão de Yeats da peça de Sófocles dirigida por Tyrone Guthrie.

Começarmos com essa reflexão é importante, porque nada disso é atemporal. O gramatólogo Walter Ong, em Orality and Literacy, nos mostra como essas tendências literárias são, na verdade, decorrentes de um fenômeno tecnológico, que é a popularização da escrita. A escrita, como sabem, é uma técnica muito antiga, mas do cuneiforme sumério aos nossos livros de hoje, houve várias inovações que permitiram que o formato existisse. A invenção do alfabeto somada ao desenvolvimento de símbolos para facilitar a leitura (como espaços e pontuação) possibilitou no Ocidente a existência da leitura silenciosa – e tem um relato famoso de Santo Agostinho em que ele fala, deslumbrado, de seu mestre, santo Ambrósio, que conseguia ler em silêncio. Depois, com a imprensa de Gutenberg, surgiu pela primeira vez um público leitor em grande escala, o que inaugura o que a gramatologia chama de “era tipográfica”. E a introspecção promovida pela leitura silenciosa e privada, em oposição à leitura pública e em voz alta, que era mais comum, seria uma característica marcante dessa era, o que teria reflexo na popularização desse tipo de personagem.

Como Ong comenta, esse tipo de personagem não era a norma antes da era tipográfica, assim como não era a norma o enredo complexo, com começo, meio e fim – o que não quer dizer que essas coisas não existissem, mas aparentemente eram ocorrências mais pontuais e geralmente mais presentes no teatro. E, de fato, quando pegamos obras de prosa mais antiga, a tendência é que as narrativas sigam uma lógica episódica, como em Gargântua e Pantagruel ou Dom Quixote. Não costuma haver um desenvolvimento do enredo visando a um clímax e uma resolução, assim como não há uma tendência ao plot twist surpreendente. O público da era pré-tipográfica não ligava para spoilers. É muito provável que uma coisa tenha a ver com a outra, pois personagens complexos são mais imprevisíveis. Afinal, pessoas de verdade, de carne e osso, a não ser que você tenha reunido vastas quantidades de informação sobre elas, tendem a ser imprevisíveis.

O que isso tem a ver com arquétipos? Bem, se pensarmos num contínuo em que esse tipo de personagem complexo da era tipográfica está num extremo, no outro teríamos o personagem-tipo, a alegoria e outros personagens que já vêm prontos. Existem várias formas de alegoria, mas as mais óbvias são aquelas em que o personagem até no nome representa uma característica abstrata, seja uma virtude ou um vício. O teatro moral medieval, como a peça Everyman, está cheio dessas figuras, mas também podem ser observadas na poesia, como na Psicomaquia, de Prudêncio, em que as virtudes batalham contra os pecados capitais. Já personagens-tipo são comuns também no teatro e representam classes e grupos sociais. A chamada comédia nova latina, que, longe de ser apenas uma curiosidade histórica, teve uma influência tão duradoura que até hoje, mais de dois mil anos depois, determina o padrão das comédias românticas de Hollywood, contava com alguns tipos bem documentados: o adulescens tristis, o jovem apaixonado que, por algum motivo, não pode estar com a sua amada (e esse é o motor do enredo); o senex iratus, o velho bravo que costuma ser o antagonista; o miles gloriosus, ou soldado fanfarrão; o auarus lenus, o cafetão mão de vaca; o seruus currens, o escravo atarefado e geralmente malandro, e por aí vai. Há muitas vantagens em recorrer a um personagem-tipo. Como a sua personalidade é definida de antemão, basta juntar dois deles numa dada situação que a história se escreve praticamente sozinha, com resultados muito satisfatórios para o público, porque ele meio que já sabe o que esperar, mas ainda fica uma margem para alguma surpresa no modo como isso vai se dar[4].

Quando lemos ou ouvimos Homero, estamos diante também de personagens cuja personalidade pode ser mais ou menos resumida a um atributo principal: Odisseu é o “de muitos ardis”, Aquiles é um guerreiro imbatível e emocionalmente imaturo, Nestor é sábio, Térsites é um falastrão, Helena de Troia é a mulher mais bela do mundo. Homero, claro, maneja esse material magnificamente e o eleva ao auge da expressão poética, mas, de uma perspectiva moderna, há uma falta de interioridade nessas figuras. Isso, obviamente, não é um defeito, apenas uma constatação da diferença de tendências narrativas de eras diferentes. Pense nisso da próxima vez que for assistir a uma adaptação contemporânea de alguma obra antiga, tipo A Lenda do Cavaleiro Verde, quais as dificuldades que esse tipo de adaptação oferece.

Dev Patel, interpretando Sir Gawain, o protagonista de A Lenda do Cavaleiro Verde

(Para quem tem interesse nesse assunto, há toda uma gama de obras que vocês podem consultar. Vou deixar uma bibliografia resumida no fim do texto.)

Agora, do tipo para o arquétipo é um pulo. A palavra túpos em grego quer dizer “marca”, “impressão”, “pegada”. É daí que surgem palavras como “tipografia”, “tipologia”, “estereótipo” – porque é isso que a impressão faz, ela marca o papel com uma chapa, literalmente um tipo, no jargão da profissão. No cristianismo, existe a disciplina da tipologia também, que é uma forma de ler o Antigo Testamento procurando antecipações (tipos) da vinda de Cristo. Etimologicamente, um arquétipo é uma marca (túpos) primordial (arkhé), uma marca primeira, original. É aquilo que surge num nível superior e imprime sua assinatura em emanações inferiores.

O termo aparece em Platão, especialmente na República, para se referir ao mundo das ideias cujas formas seriam emanadas aqui em nosso mundo material, e é evidente que esse é um conceito importante para o neoplatonismo e daí para a Cabala judaica e outras tradições. Jung, quando explica o que quer dizer com “arquétipo” em um de seus ensaios (“Arquétipos do inconsciente coletivo”, o primeiro ensaio do volume IX das suas obras reunidas) também lista algumas menções ao termo em Fílon de Alexandria, no Corpus Hermeticum (onde Deus é chamado de “a luz arquetípica”) e em Dionísio Areopagita.

Fora desse contexto, a palavra ainda possuía um sentido mais amplo, mais genérico e senso comum, e que não necessariamente teria a ver com Jung ou doutrinas esotéricas, como nas máximas: “a música é o arquétipo de todas as artes”; “o método da natureza é o arquétipo de todos os métodos”, e assim por diante. Uma busca por “archetype” no Project Gutenberg (onde você pode acessar livros em domínio público, no geral anteriores à época de Jung) nos oferece vários exemplos desses usos da palavra. Mas, quando lemos algumas coisas do século XIX, fica evidente que o conceito que seria batizado de “arquétipo” por Jung já estava se formando (e ele mesmo oferece alguns de seus antecessores naquele mesmo ensaio).

No próximo texto (Narrativa, mito e arquétipo – parte II), vamos falar um pouco então do contexto em que surge esse o conceito algumas das ideias que já estavam no ar no começo do século XX e um pouco do que Jung vai fazer com isso, com atenção especial para o seu famoso “Ensaio sobre Wotan”. Para um texto num blog sobre magia, hoje falamos muito pouco de magia de fato, mas é essa a questão, não é? Estamos tratando de algo ali na interseção entre o mágico e o psicológico, uma área em que nomes de ambos os lados já falaram muita groselha sobre a parte que não dominam. Não vou me arriscar a falar de psicologia, por isso estou me atendo às minhas especialidades (e ainda assim estou tendo que passar por tudo de um modo bem resumido). O fato é que as práticas divulgadas de ativação de arquétipos procuram levar o praticante a incorporar aquela figura arquetípica, de modo que ela venha a predominar em sua personalidade até que ela seja transformada de modo palpável. No entanto, o mais normal da experiência humana é vivermos do outro lado desse espectro, que é o lado dos personagens romanescos, com sua profundidade e complexidade psicológica. Não é à toa, como vimos, que nós os consideramos verossímeis, realistas. Estamos mais perto de Leopold Bloom do que de Odisseu – não fosse assim, psicanalistas morreriam de fome. Por isso, antes mesmo de mergulharmos em Jung e outros autores que falaram de arquétipos, eu acho importante questionarmos o quanto seria de fato útil, produtivo, benéfico transformarmos o 3D em 2D ao alinharmos essa personalidade humana complexa a uma figura típica e simplificada.

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1. Quem comenta a coisa dos nomes reais é o Ian Watts, no texto citado na bibliografia: “Os primeiros romancistas, no entanto, operaram uma ruptura extremamente significativa com a tradição e batizaram seus personagens de tal modo a sugerir que devem ser vistos como indivíduos em particular no ambiente social contemporâneo” (p. 225). Ele aponta que há provas de que um autor com Fielding fosse dado à prática de catar os nomes de seus personagens aleatoriamente de listas de nomes de pessoas contemporâneas, o que eu acho muito interessante.

2. Uma outra coisa em comum é que esses personagens, sendo a criação de um indivíduo, até um certo ponto contam com proteção de leis de copyright. Digo “até certo ponto”, porque a maioria dos exemplos citados já entrou em domínio público… mas alguém que queira escrever um Grande Sertão Veredas 2: o inimigo agora é outro vai ter que esperar 2037 para tentar publicar o seu livro. Isso é muito diferente de personagens folclóricos e é mais um motivo pelo qual eu sou contra a alegação de que super-heróis, que pertencem a grandes conglomerados de mídia, seriam um equivalente à mitologia contemporânea.

3. O que Ulysses faz nesse sentido é profundamente marcante: cada um dos 18 episódios do romance espelha um dos 18 cantos do poema homérico, de modo que uma ida a um funeral fica como o equivalente à descida ao Hades no canto 11 e o confronto com um patriota imbecil equivale ao confronto de Odisseu com o Ciclope no canto 9 (com direito à transformação da estaca em chamas num charuto). Esse processo é sutil, no entanto, e o jogo de identidades nunca é de um para um.

4. Vale a pena pensar também que estamos falando não em termos binários, mas de um contínuo. É possível que um personagem-tipo seja um estereótipo completo, sem nenhuma nuance, assim como dá para ter personagens complexos que tomam um tipo mais comum como base e vai-se trabalhando a partir disso.

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Pequena bibliografia

FISCHER, Steven Roger. A History of Reading. Londres: Reaktion Books, 2003.
GALLAGHER, Catherine. The Rise of Fictionality. In: MORETTI, Franco (ed.) The Novel: Volume 1: History, Geography, and Culture. Princeton, NJ: Princeton UP, 2006.
GOODY, Jack. Myth, Ritual and the Oral. Cambridge: Cambridge UP, 2010.
HUNTER, R. L. A comédia nova da Grécia e de Roma. Curitiba: Editora UFPR, 2010.
ONG, Walter J. Orality and Literacy. Nova York: Routledge, 1982.
SOMMERVILLE, C. John. The News Revolution in England: Cultural Dynamics of Daily Information. Nova York: Oxford UP, 1996
WATT, Ian. Realism and the novel form. In: WALDER, Dennis (org.). The Realist Novel. Londres: Routledge, 1996.

4 comentários Adicione o seu

  1. Avatar de evelyne evelyne disse:

    essa coisa de ativação de arquétipo me lembrou a assunção forma-deus caoísta/pop magick, tô surpresa de existirem pessoas que levam isso [meio que] como um estilo de vida.

    como sempre, um excelente texto! ❤

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    1. Avatar de fraterabstru fraterabstru disse:

      Obrigado, Evelyne! ❤

      É total coisa de pop magick… aliás, tem um capítulo do livro do Hine que meio que toca nisso, mas o pessoal levou tudo à última potência.

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  2. Avatar de Joelson Joelson disse:

    Minha página inicial do Google me recomendou este texto. Acho que foi a primeira vez que ele acerta em cheio. Conteúdo maravilhoso, texto muito bem escrito. Fiquei com vontade de ler mais e conhecer melhor o blog. Muito obrigado.

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    1. Avatar de fraterabstru fraterabstru disse:

      Muito obrigado, Joelson! Esse texto é um pouco destoante dos outros posts por aqui, porque a temática principal do Zigurate é espiritualidade, mas espero que encontre aqui um conteúdo que seja do seu gosto. Um abraço!

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